Bonecas, carrinhos, blocos de montar, playground… O plástico é hoje a principal matéria-prima para a fabricação de brinquedos.

Embora não existam estatísticas oficiais do quanto o polímero representa no volume total produzido, estima-se que 90% dos brinquedos vendidos atualmente no mundo sejam feitos de plástico.

No caso da fabricante gaúcha Xalingo, que inclui blocos de montar, jogos educativos, triciclos e outros em sua linha de produtos, o plástico responde por mais da metade do volume de produção em relação a outros materiais.

Curiosamente, o plástico foi responsável pela ampliação dos negócios da empresa.

Nos primeiros vinte anos de mercado, a Xalingo se dedicou somente à manufatura de brinquedos de madeira. Em 1968, passou a trabalhar também com a transformação em plástico.

A necessidade de suprir a demanda interna de fabricação e manutenção de moldes levou a empresa fundar uma unidade de matrizes em 1989 e, a partir de 1998, inaugurou uma operação dedicada a produzir peças de plástico para o setor agrícola.

Quais são os plásticos mais utilizados em brinquedos

Na hora de escolher um brinquedo de plástico, o visual pode chamar a atenção, mas o que realmente importa está no material. Você sabia que o tipo de plástico usado influencia diretamente na segurança, durabilidade e até na higiene dos brinquedos?

Compostos como polietileno, polipropileno e PVC estão entre os mais comuns — cada um com suas vantagens e cuidados específicos. Entender quais são os principais plásticos usados em brinquedos e como identificar opções seguras é o primeiro passo para garantir a diversão sem riscos.

A seguir, explicamos os tipos de plástico mais utilizados e o que observar para garantir a segurança do plástico em brinquedos infantis.

1. Polietileno (PE)

Um dos materiais mais populares no universo dos brinquedos. O polietileno é leve, flexível e tem ótima resistência a impactos, o que o torna ideal para brinquedos que são constantemente arremessados, puxados ou mastigados.

Além disso, é considerado seguro para contato com crianças, sendo usado em peças maiores, como blocos de montar, carrinhos e brinquedos de parque. Outro ponto positivo é que o PE tem boa resistência à umidade, o que facilita a limpeza e ajuda a evitar o acúmulo de bactérias.

2. Polipropileno (PP)

Outro plástico usado em brinquedos com excelente desempenho. O polipropileno é conhecido pela durabilidade e versatilidade. Aparece em brinquedos que exigem flexibilidade, como dobradiças, rodas móveis, peças de encaixe e brinquedos para banho.

Seu baixo custo e boa resistência térmica o tornam uma escolha comum, inclusive em utensílios infantis. Por ser fácil de limpar e resistente a produtos químicos, o PP também é uma alternativa interessante do ponto de vista da segurança do plástico em ambientes que exigem higiene constante.

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3. PVC

O cloreto de polivinila é muito utilizado na fabricação de brinquedos infláveis, bonecos articulados, mordedores e até capas de chuva infantis. Sua principal vantagem está na flexibilidade, que permite criar peças maleáveis e confortáveis ao toque.

No entanto, o PVC exige atenção redobrada em relação aos aditivos usados em sua formulação, como plastificantes e corantes. Alguns desses compostos podem apresentar riscos à saúde se não forem controlados. Por isso, é importante buscar produtos com selo de conformidade e fabricados por marcas confiáveis, que atendam aos padrões de segurança do plástico.

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Muitas vantagens do plástico

O uso intensivo de plástico pela indústria de brinquedos se deve às muitas vantagens que esse material oferece:

Custo: menor em comparação com metal ou madeira;

Personalização: a moldabilidade do plástico e seus diversos processos de transformação possibilitam uma ampla variedade de formas e acabamentos, fatores que influenciam na criação, design e funcionalidade;

Coloração: Diferentemente de metal e madeira, que normalmente recebem tinta em sua superfície, o plástico sai da fábrica na cor desejada;

Leveza: Fator essencial neste tipo de produto, que será manuseado por crianças;

Conservação: propriedades como impermeabilidade e resistência a impactos, abrasão e produtos químicos protegem o produto durante as brincadeiras e facilitam a limpeza.

Franz Semmelmann, diretor Comercial e de Marketing da Xalingo, reforça os benefícios do plástico na sua operação: “Capacidade de moldabilidade dos produtos de acordo com o processo de transformação que aplicamos, como injeção, sopro, rotomoldagem”.

Além disso, ele destaca outro aspecto positivo do plástico: a reciclabilidade.

“Utilizamos em nosso processo todos os resíduos gerados (peças com defeito), que moemos e reprocessamos. Não existe descarte de plástico, reaproveitamos 100% dos nossos resíduos, o que nos garante uma posição forte voltada para a sustentabilidade.”

Segurança do plástico

Quando falamos de segurança do plástico em brinquedos, a confiança vem do cumprimento de normas e testes rigorosos. No Brasil, a Portaria Inmetro nº 302/2021 é a base legal que exige certificação compulsória para produtos destinados a crianças — incluindo brinquedos de plástico. Para serem comercializados, esses itens devem passar pelo processo oficial e possuir selo Inmetro.

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Aditivos controlados, ausência de ftalatos em versões infantis

Nos brinquedos infantis, é fundamental que os aditivos — como plastificantes e corantes — estejam regulados. Em versões para bebês, costuma-se optar por composições sem ftalatos, garantindo que os materiais sejam seguros mesmo com contato prolongado ou se levados à boca. A certificação exige testes químicos que detectam esses compostos.

Processo de certificação e testes de toxicidade
Testes mecânicos

Esses testes simulam o uso real do brinquedo pelas crianças: quedas, puxões, torções, compressões e manuseio repetitivo. O objetivo é garantir que o brinquedo não se quebre facilmente, nem libere partes pequenas que possam causar engasgos. As normas técnicas mais usadas para esses testes incluem:

  • ASTM F963 (EUA): define os requisitos para resistência mecânica e integridade estrutural.
  • EN 71 (Europa): inclui segurança física, inflamabilidade e estabilidade do brinquedo.
  • NM 300 (Mercosul): versão adaptada às realidades do Brasil e América do Sul.
Ensaios químicos

Verificam se os brinquedos contêm substâncias perigosas à saúde, como metais pesados (chumbo, cádmio), ftalatos (usados como plastificantes), bisfenol A (BPA), entre outros aditivos. Esses componentes podem estar presentes em plásticos usados em brinquedos, e são especialmente críticos em produtos destinados a bebês.

Se forem identificadas quantidades acima dos limites permitidos, o produto é reprovado e não pode ser comercializado.

Avaliação documental e auditoria

Além dos testes em si, o processo de certificação envolve a análise de toda a documentação do fabricante e inspeção da fábrica. A auditoria verifica se a produção segue padrões de qualidade e rastreabilidade, garantindo que todos os lotes estejam dentro dos parâmetros de segurança exigidos.

Normas internacionais

Fabricantes que vendem brinquedos fora do Brasil também seguem normas internacionais de segurança:

  • ASTM F963 – EUA: normas para resistência, materiais tóxicos e inflamabilidade.
  • EN 71 + marcação CE – Europa: certificação obrigatória para comercialização na União Europeia.
  • ISO 8124 – padrão global que harmoniza os critérios de segurança do plástico em brinquedos de diversos países.

Essas normas ajudam a garantir que um brinquedo de plástico produzido ou importado siga critérios técnicos padronizados, mesmo em mercados diferentes.

Para saber mais sobre o polipropileno, um dos plásticos mais utilizados pela indústria de brinquedos, baixe nosso Guia Definitivo do Polipropileno para a Indústria do Plástico.