Você já viu aqui no Mundo do Plástico sobre a importância dos aditivos para alterar as características dos plásticos e conferir a eles propriedades como cor, resistência, proteção contra micro-organismos e muitas outras. 

Entre eles, os ésteres de ácidos graxos, os polióis e seus derivados e os ésteres etoxilados conferem aos polímeros uma propriedade interessante: evitam o embaçamento. 

É o chamado plástico filme antifog ou antiembaçante, utilizado amplamente pela indústria na fabricação de embalagens e bandejas de alimentos frescos e refrigerados. 

Conheça agora as principais vantagens e aplicações do plástico antifog. 

O que é plástico antifog? 

“O antifog é um aditivo ou tratamento aplicado ao plástico, normalmente filmes de polietileno, que modifica a tensão superficial do material para evitar a formação de gotículas de água nas superfícies plásticas, o que proporciona mais transparência e uniformidade”, define o professor Antonio Cabral,  coordenador da Pós-graduação em Engenharia de Embalagem no Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia. 

Ele explica que os aditivos aplicados à resina reduzem a tensão superficial, fazendo a água condensar como filme contínuo. 

Assim, quando usados em embalagens de alimentos, permitem que os consumidores tenham melhor visibilidade e, consequentemente, adicionam mais valor ao produto nos pontos de venda.  

“Eles também não interferem nas taxas de permeabilidade, de modo que tecnologias específicas, como atmosfera modificada, podem ser utilizadas com segurança”, completa. 

Cabral lembra que, além dos já citados, existem também aditivos antifog à base de compostos naturais modificados, derivados de óleos vegetais, que podem ser considerados uma opção com menor impacto ambiental.  

“Todos os aditivos migram lentamente para a superfície do filme e criam uma camada hidrofílica que mantém a água espalhada, sem formação de gotas.” 

Aplicações do plástico antifog 

Em razão dessas propriedades, o plástico antifog é utilizado em diferentes aplicações. 

Alimentos: é a mais comum, tanto em embalagens de alimentos frescos e refrigerados (carnes, frios, frutas, verduras, massas e pães), quanto quentes,  já que o filme não embaça com o vapor. Isso garante que o consumidor veja a aparência do alimento durante a compra. 

Agricultura: na cobertura das estruturas de estufas. “Ao impedir a formação de gotículas, mantém a película mais transparente, garantindo melhor e mais uniforme incidência de luz para a fotossíntese. Dessa forma, contribui para maior produtividade e qualidade das culturas”, aponta Cabral. 

Medicina: em máscaras de proteção e óculos de segurança, o filme antifog garante que a visibilidade não seja comprometida em ambientes com alta umidade ou mudanças de temperatura. 

Quais os polímeros mais utilizados na fabricação de plástico antifog? 

Segundo Cabral, o polímero mais utilizado na fabricação de plástico antifog destinado a embalagens e estufas agrícolas é o polietileno de baixa densidade (PEBD), em razão do seu custo, boa transmitância de luz e facilidade de ser coextrusado.  

Outro que se faz presente com frequência é o EVA (etileno-vinil-acetato). Em misturas com PEBD, adiciona flexibilidade à estrutura e, em situações específicas, melhora a aderência do antifog.  

“Também ajuda a reduzir o coeficiente de transmissão de calor quando incorporado ao plástico de estufas, especialmente quando combinado com outros aditivos apropriados”, diz. 

Merecem destaque, ainda, o polipropileno (PP), nas formas cast e biorientado, e o polietileno tereftalato (PET), em filmes rígidos e laminados de alta transparência para embalagens premium. 

Em sua versão flexível, o PVC (policloreto de vinila) também pode ser usado como filme esticável para embalar produtos frescos, como carnes e queijos, mantendo a transparência em ambientes refrigerados. 

Como é a fabricação do plástico antifog? 

Utilizado amplamente no formato de filme, a fabricação do plástico antifog segue as etapas básicas do processo de extrusão, mas com um passo adicional e fundamental: a incorporação dos aditivos que vão conferir ao polímero a propriedade antiembaçante. 

Os aditivos são incorporados ainda na fase de preparação da matéria-prima. Ou seja, quando a resina plástica é misturada com um masterbatch que contém os agentes antiembaçantes. 

“Os aditivos antifog são geralmente compostos hidrofílicos que reduzem a tensão superficial, fazendo a água condensar como filme contínuo”, explica Cabral. “Incorporados à massa polimérica durante a extrusão, eles migram para a superfície com o tempo, formando uma camada hidrofílica”

Em seguida, a  mistura de resina e masterbatch é inserida na extrusora, que aquece, derrete e homogeniza o material. A extrusão pode se dar tanto pelo processo de filme tubular (extrusão balão), quanto no de filme plano. 

A resina derretida é extrusada através de uma matriz plana em uma chapa, que é então resfriada e estirada por rolos para obter a espessura final do filme.  

É nesta fase que o aditivo começa a migrar para a superfície e quando também se pode, opcionalmente, aplicar um tratamento superficial com aplicação de coating antifog caso não tenha sido misturado antes. 

O filme resfriado é bobinado em rolos e armazenado, com a migração do aditivo para a superfície do filme e a efetivação do antifog, antes de seguir para a destinação final. 

Vale reforçar que a incorporação dos aditivos é imprescindível para que o filme adquira a propriedade antiembaçante.  

Cabral afirma que não existe uma resina totalmente antifog no mercado comum, uma vez que tal propriedade depende de características hidrofílicas na superfície, enquanto a maioria das resinas plásticas (PE, PP, PET) são hidrofóbicas.  

“Em síntese, todas as resinas tradicionais precisam de aditivos antifog ou coating para atingir desempenho comercial adequado.” 

Filme antifog e a segurança alimentar 

Ao evitar que a respiração e umidade natural de alimentos frescos causem a condensação, a propriedade antiembaçante do plástico antifog contribui para a segurança alimentar de diferentes maneiras. 

Prevenção da degradação: se não evitada, a umidade acumulada em gotas pode facilitar a proliferação de bactérias e fungos e provocar degradação e apodrecimento, aumentando o desperdício. 

Qualidade e textura: ao ajudar a manter a umidade ideal dentro da embalagem, o plástico antifog evita que o alimento resseque ou murche. 

Inspeção e controle de qualidade: a visibilidade clara do produto facilita para o consumidor, bem como para distribuidores e varejistas, identificar o estado real do alimento sem precisar abrir a embalagem. 

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