Inventado em 1992 pelo belga Olivier J. L. D’Hollander, o contêiner IBC é uma solução relativamente recente de logística, cujo uso vem se disseminando rapidamente por diferentes tipos de indústrias.
IBC é a sigla em inglês para Intermediate Bulk Container (“Contêiner Intermediário para Mercadorias a Granel”, em português), nome dado a reservatórios utilizados para armazenamento e transporte de grandes volumes de cargas a granel, líquidas, sólidas, semissólidas e pastosas.
Qual é a estrutura do IBC?
O IBC é basicamente um recipiente de plástico envolvido por uma estrutura metálica e uma base para transporte.
Seus principais componentes são:
Garrafa: recipiente de plástico branco ou translúcido. Normalmente, é feita em PEAD (polietileno de alta densidade), em razão de suas propriedades de leveza e resistência mecânica, a intempéries e a agentes contaminantes.
Dependendo do produto a ser armazenado, o plástico da garrafa pode receber tratamento antiestático, impermeabilização contra gás, vapores e líquidos, e múltiplas camadas.
Gaiola: é a estrutura metálica que protege a garrafa, produzida em aço galvanizado ou inoxidável. Nos casos de produtos que oferecem riscos, a gaiola pode ser completamente coberta por chapas de aço.
Palete: fica na base do IBC e serve para facilitar o transporte, com pontos de entrada para paleteiras e empilhadeiras. Pode ser de aço, plástico ou madeira.
Válvula de descarga, tampas de enchimento, cantoneiras antichoque: produzidas em plástico, sendo o mais comum o PP (polipropileno), que oferece boa resistência e flexibilidade.
Vale ressaltar que, no Brasil, os IBCs são certificados pelo Inmetro (Portaria nº 320/2021), que aprova os Requisitos de Avaliação da Conformidade (RAC) para esse tipo de embalagem, de modo a garantir a segurança e conformidade.
Quais as vantagens logísticas do IBC?
Além da maior capacidade – o volume padrão é 1.000 litros –, sua maior vantagem em relação a tambores e bombonas é a facilidade de empilhamento e movimentação.
A SCHÜTZ VASITEX, empresa especializada no desenvolvimento de soluções em embalagens industriais, e que tem no IBC seu carro-chefe, descreve como esses benefícios se dão na prática:
- Um IBC de 1.000 litros transporta 25% a mais de produto na comparação com cinco tambores de 200 litros com a mesma exigência de espaço;
- Os cinco tambores precisam ser abertos, envasados, fechados e rotulados um a um, enquanto no IBC esse processo é feito apenas uma vez;
- Os tambores precisam ser acondicionados individualmente em paletes, enquanto o IBC já traz o palete em sua estrutura. Com isso, o tempo de descarga cai de 90 minutos para 20 minutos utilizando-se apenas uma empilhadeira;
- Enquanto um contêiner pode comportar 80 tambores (16 mil litros), as dimensões padronizadas do IBC permitem o acondicionamento de 20 unidades (20 mil litros).
Quais as vantagens sustentáveis do IBC?
Por armazenar e, principalmente, transportar maiores volumes de produtos, as vantagens logísticas do IBC por si só se convertem em benefícios ambientais.
As vantagens sustentáveis, porém, vão muito além disso.
Em primeiro lugar, o IBC pode ser reutilizado. Segundo Hugo Makio, gerente de Marketing da SCHÜTZ VASITEX, dependendo do produto, um mesmo IBC pode ser usado cinco vezes em média.
A empresa adota um sistema de logística reversa em ciclo fechado que abrange todo o país, chamado SCHÜTZ Ticket Service, em que faz a coleta dos IBCs vazios tanto de seus clientes diretos, como também de terceiros que compram os produtos dos clientes.
Empresas que não são clientes ou terceiros também podem solicitar a coleta, desde que atendam a uma série de requisitos, como quantidade mínima, estado de conservação e outros.
Depois de coletados, os IBCs passam por um processo de limpeza e descontaminação interna e externa e, após secagem e inspeção, retornam para a cadeia.
Dependendo do seu estado, o IBC é recondicionado e tem algumas de suas partes (tampa, válvula, cantoneiras, palete) substituídas por peças originais fabricadas pela própria SCHÜTZ VASITEX.
Segundo a empresa, cada IBC recondicionado economiza aproximadamente 100 kg de emissão de CO² comparado com um novo.
IBC e reciclagem
Quando o IBC coletado atinge sua vida útil máxima, não oferece condições para recondicionamento ou tenha armazenado determinados produtos (químicos, corrosivos), ele é, então, reciclado.
“No caso dos IBCs provenientes da indústria alimentícia, a reutilização é mais comum: após o devido recondicionamento, esses recipientes podem atender outras indústrias. Já para as embalagens oriundas da indústria química, por exemplo, o reaproveitamento nem sempre é possível. Nesses casos, elas são trituradas, lavadas, descontaminadas e transformadas em matéria-prima para a fabricação de paletes, cantoneiras e outras peças utilizadas no próprio processo de reciclagem”, explica Makio.
O plástico reciclado é aproveitado também na fabricação de IBCs na versão Green Layer, na qual a parede interna (que entra em contato com o produto) e externa (em contato com o ambiente) são fabricadas com plástico virgem, enquanto na camada intermediária é utilizada matéria-prima reciclada.
O excedente de material do processo de reciclagem é comercializado pela empresa com entidades recicladoras homologadas.
Recentemente, a SCHÜTZ VASITEX lançou duas novas versões de IBC, com capacidade para 560 litros e 1.250 litros. “São alternativas ao padrão de 1.000 litros do mercado, que oferecem mais otimização de espaço e flexibilidade para os clientes”, diz Makio.
Tambores e bombonas
O portfólio da SCHÜTZ VASITEX inclui também bombonas de 20 a 50 litros e tambores entre 200 e 250 litros, nas versões em plástico virgem ou reciclado. Uma novidade é o modelo de bombona Green Layer, com 30% de material reciclado na camada intermediária.
“Precisamos desmistificar a ideia de que o plástico é o vilão do meio ambiente. Quando é descartado de forma incorreta, ele de fato causa impactos ambientais. Mas, quando é reaproveitado e reciclado de maneira adequada, torna-se uma solução sustentável que gera valor e inúmeros benefícios para a sociedade”, finaliza Makio.