As mais recentes crises climáticas e energéticas estão exigindo do mundo maior urgência acerca das discussões em torno da transição energética, que buscam proteger o meio ambiente e promover uma maior eficiência no uso da energia.
Basicamente, a transição energética propõe uma transformação no jeito de produzir e consumir energia, visando reduzir a dependência das fontes fósseis, por meio da adoção de fontes limpas e renováveis.
Exatamente por isso, a transição energética tem potencial de impactar positivamente a indústria do plástico, que geralmente é de pequeno e médio porte, mas que depende de muita energia.
Cabe aos gestores da indústria do plástico conhecer todo o conceito de transição energética, assim como seus impactos principais sobre o segmento.
Transição energética: evolução complexa e que impõe muitos desafios à sociedade
É de consenso entre todos que as atividades humanas impactam no aumento da temperatura global, com consequências perversas para a qualidade ambiental e nossas condições de vida.
Neste contexto, Nathalia Weber, engenheira e cofundadora da CCS Brasil, indica que as mudanças climáticas são resultado de anos de desequilíbrio do ciclo do carbono.
“Por décadas, consumimos combustíveis fósseis (carvão mineral, petróleo e gás) de forma desenfreada, e suas emissões de gases de efeito estufa, notadamente o dióxido de carbono e o metano, afetaram todo o meio ambiente.”
Para frear o aumento da temperatura global é essencial reduzir drasticamente as emissões desses gases e remover da atmosfera parte do que foi e está sendo emitido.
Isso implica, fundamentalmente, em esforços para modificar os meios de apropriação e consumo de energéticos, visando minimizar as emissões. Esse esforço representa o que chamamos de transição energética.
Embora o conceito ou proposta da transição energética seja relativamente simples, a cofundadora da CCS Brasil destaca que sua execução é bastante complexa e impõe grandes desafios para a sociedade.
“Se por um lado, reduzir as emissões de gases de efeito estufa é um imperativo para nossa sociedade, por outro, precisamos garantir o acesso à energia de qualidade e barata o suficiente para que as pessoas possam ter conforto e atender suas necessidades básicas.”
A grande dificuldade de equacionar essas necessidades está na dependência que temos dos combustíveis fósseis, que representam mais de 80% da nossa matriz energética.
Mesmo no Brasil, que é um dos países mais bem posicionados para a transição energética, cerca de metade da oferta interna de energia é composta pelos fósseis.
“O desafio é muito grande e as decisões dependem de amplo debate da sociedade, grandes acordos internacionais e políticas públicas que viabilizem as estratégias de descarbonização para uma transição energética que não prejudique as populações mais vulneráveis”, complementa Nathalia.
Estratégias que ajudam a promover a transição energética
O grande benefício da transição energética é a contenção do avanço das mudanças climáticas, impactando toda a humanidade.
Há também outros efeitos positivos que podem ser obtidos a partir dos esforços para redução das emissões de gases de efeito estufa.
Entre esses benefícios há a construção de novos mercados e atividades econômicas, criação de empregos e desenvolvimento tecnológico, além de uma visão e proposta de bem comum que incentiva a cooperação internacional e colaborações entre setores da sociedade.
Para isso, há diversas alternativas e ferramentas à disposição da sociedade para superar os desafios e promover a transição energética.
Muitas delas se enquadram na pequena e média indústria.
Em geral, tais ferramentas podem ser divididas com os seguintes focos:
- Redução de consumo;
- Aumento da eficiência de processos e infraestrutura estabelecidos;
- Substituição de insumos energéticos fósseis por fontes renováveis;
- Aplicação de soluções de sequestro de carbono.
A partir destas estratégias, Nathalia Weber destaca a consolidação de grandes tendências e novas tecnologias, como eletrificação e carros elétricos, descentralização da geração de energia renovável, hidrogênio de baixo carbono, Captura e Armazenamento de Carbono, reflorestamento, entre outros.
No entanto, a engenheira e cofundadora da CSS Brasil, nenhuma dessas estratégias é isenta de impactos negativos. “Há sempre a necessidade de exploração de recursos naturais, disposição de rejeitos, transporte de bens e insumos ou utilização de grandes áreas, entre outros problemas”.
Nathália complementa: “Essas estratégias não são (nem devem) ser consideradas como soluções isoladas, como se fosse um cardápio pelo qual escolhemos apenas um prato principal. Precisamos combiná-las para que, juntas, proporcionem o resultado da contenção de emissões de gases de efeito estufa na escala e no prazo necessário para frear o aquecimento global”.
Por essa razão, é preciso considerar as particularidades geográficas, sociais, ambientais e econômicas de cada região para que essas ferramentas sejam aplicadas de modo a entregar o grande objetivo de descarbonização com o menor impacto possível.
Indústria do plástico também tem sua parcela de responsabilidade
Segundo explica Nathalia Weber, os esforços para a transição energética são discutidos de forma mais abrangente em políticas públicas nacionais e com o envolvimento das grandes empresas emissoras de gases de efeito estufa, que em geral indústrias de grande porte.
Entretanto, a engenheira ressalta que a pequena indústria, caso da indústria do plástico, pode (e deve) contribuir de forma expressiva para conter suas emissões e promover a transição energética.
“Pequenas empresas precisam adotar iniciativas que melhorem a eficiência de seus equipamentos e processos. Precisam também se organizar para aumentar o consumo de energia renovável, como solar e eólica, ou mesmo pela eletrificação de suas frotas ou consumo de biocombustíveis”, destaca.
Assim, mesmo diante dos inúmeros desafios, o atual cenário representa uma alavanca de oportunidades para novas soluções energéticas, visando a aumentar a competitividade da pequena indústria e a expansão da economia, em uma transição energética eficiente e bem planejada.
Quer saber mais? Então convidamos você a entender a importância da responsabilidade social para indústrias.