A competitividade internacional e a falta de políticas nacionais de incentivo colocam o mercado da borracha natural em uma posição desafiadora. Isso porque existem 12 tipos de borracha natural usados com mais frequência em todo o mundo, sendo que nosso País fabrica apenas quatro. Segundo o IAC (Instituto Agronômico), a produção mundial, em 2012, chegou a marca de 11.327 mil toneladas, para um consumo de 11.005 mil toneladas. Países do sudeste asiático como Tailândia e Indonésia responderam por mais de 73% dessa produção, enquanto o Brasil cerca de 1,5%, algo em torno de 171 mil toneladas.

Importador de borracha natural, apesar de apresentar as melhores condições de plantio de seringueira, árvore que produz a matéria-prima do material, o Brasil assumiu essa posição em razão da falta de incentivos fiscais, acredita Kleber Augusto Zotovici, engenheiro químico e supervisor do Laboratório de Polímeros da Escola Senai Mario Amato. “Criar formas mais eficazes e com menor custo para a fabricação de artefatos são desafios reais do setor”, afirma.

Paralelamente ao processo industrial, o cultivo da matéria-prima é outro entrave a ser resolvido. “Deverá ser realizada uma junção de interesses: estimular o extrativismo nativo e desenvolver a exploração artificial”, opina o engenheiro químico Diogo Hahn. Mudanças no mercado global podem favorecer as vendas da borracha natural. Otimista com a possibilidade de o Brasil ainda ser líder do segmento, o especialista tem convicção de que com políticas adequadas a decisão de impulsionar essa atividade necessite apenas um estalar de dedos. “Considero também que, tendo em vista a diminuição das reservas de petróleo, e com isso a diminuição da oferta de borrachas sintéticas, a natural possa voltar a ser protagonista”, avalia.

Com o avanço tecnológico, uma questão que necessita de atenção é a sustentabilidade, assim, a reutilização da borracha passa a ser discutida com veemência. Para Hahn, o tema é apropriado e pode ser facilmente discutido e trabalhado. “A borracha é uma boa opção de sustentabilidade desde a preservação da floresta original até a manutenção dos empregos na extração do látex. Isso não ocorreu no Brasil devido a fatores políticos que exigem uma discussão a parte”, diz. Ele ainda afirma que a reciclagem de peças produzidas com a borracha natural é mais simples em relação as sintéticas. “O produto final apresenta propriedades mecânicas, que ainda permitem uma aplicação nobre.”

Tipos competitivos

Um dos destaques dentre os padrões de borracha natural produzidos em território nacional é o GEB (Granulado Escuro Brasileiro), que compete com dois tipos da Malásia e da Tailândia, referências mundiais em qualidade. Sua maior aplicação é na linha de pneumáticos, principalmente na fabricação de pneus para aviões. Com o Crepe Claro Brasileiro e o Granulado Claro Brasileiro, a utilização é reservada para solados de sapatos e elásticos, também sofrendo grande concorrência internacional. Já o Látex Centrifugado costuma ser requisitado para a produção de luvas cirúrgicas e balões.

Comparativamente aos tipos sintéticos, Zotovici explica que a resistência a altas temperaturas e durabilidade deixam a borracha natural na frente e, por isso, é a mais recomendada. “As naturais possuem vantagens quando aplicadas em situações em que é necessária maior resistência mecânica, maior facilidade de vulcanização, melhor resistência a abrasão, alto índice de alongamento e alta resistência ao rasgo”, finaliza.

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