A utilização de polímeros na indústria têxtil, em especial no uso de fibras sintéticas, ganha mais importância a cada ano em todo o mundo.
Para se ter uma ideia, enquanto a produção mundial de fibras naturais (lã lavada, linho, seda, juta) e artificiais (viscose, acetato) registrou decréscimo de 19% e 11% entre 2000 e 2021, respectivamente, a de fibras sintéticas (poliamida, poliéster, acrílico, polipropileno) cresceu 44% no período: de 591,5 para 855,9 milhões de toneladas.
“Os usos na indústria têxtil cresceram tanto em quantidade como em aplicações. Atualmente, várias peças e produtos são produzidos com fibras artificiais e sintéticas, dos quais podemos destacar: vestuário, tecidos para mobília, carpetes e tecidos utilizados em aplicações técnicas, como equipamentos médicos, de segurança e esportivos. Além disso, os sintéticos são usados em embalagens, etiquetas, acabamentos de tecidos etc.”, informa a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT).
Tipos de fibras sintéticas, propriedades e aplicações
As propriedades das fibras sintéticas são variadas e se prestam a várias aplicações. A associação têxtil cita as principais:
Poliéster (PET)
É extremamente resistente, durável e de fácil cuidado. Tem baixo encolhimento e excelente retenção de forma, é resistente à maioria dos produtos químicos, ao mofo e aos insetos e não mancha facilmente.
Nylon ou Poliamida
Fibra muito elástica e resistente a danos causados por mofo, insetos, fungos e à maioria dos produtos químicos. Por ser extremamente suave, é utilizada em roupas íntimas e meias.
Acrílico
Leves, macias e quentes, são uma boa alternativa à lã. Também são resistentes à maioria dos produtos químicos, ao mofo e aos insetos. Conhecidas pela resistência ao enrugamento e pela retenção de cor.
Poliuretano (Elastano, Spandex, Lycra)
Extremamente elásticas, podendo esticar até cinco vezes o seu comprimento original e voltar à forma original quando a tensão é liberada. Também são resistentes a óleos e produtos químicos.
Modacrílico
Fibra semelhante ao acrílico, mas mais resistente ao calor e à chama, o que a torna adequada para uso em roupas de proteção e uniformes.
Aramidas (Kevlar, Nomex)
Extremamente resistentes ao calor e muito fortes. Por isso, são utilizadas na produção de equipamentos de proteção, como coletes à prova de balas, e de combate a incêndio.
A ABIT cita, ainda, a Rayon (Viscose), que embora seja produzida a partir de celulose natural, é considerada uma fibra química devido ao processo de fabricação. Suas principais propriedades são suavidade, alta absorção de umidade e conforto.
Crescimento
No Brasil, o consumo anual de fibras é de 7,3 kg por habitante, o que coloca o país em 14º lugar no ranking mundial.
A título de comparação, em países como Estados Unidos, Coreia do Sul e Singapura, o volume é de 37,8 kg, 28,2 kg e 26,1 kg, respectivamente.
“Podemos identificar que as fibras sintéticas e artificiais ganharam muito espaço no setor ao longo dos últimos 40 anos. Prevê-se que o consumo do setor no mundo deva continuar a crescer, em especial em países com menor desenvolvimento relativo e que ainda têm consumo per capita de fibras muito abaixo do verificado nas nações desenvolvidas”, diz a ABIT.
Fibras sintéticas e reciclagem
De acordo com a entidade, citando estudo da Textile Exchange, a utilização de materiais reciclados na fabricação de fibras químicas tem aumentado consideravelmente no mundo.
A participação de materiais reciclados na produção de fibras passou de 6,9% em 2016 para 8,5% em 2021.
O poliéster, fibra sintética mais utilizada pela indústria têxtil, teve o maior percentual de reciclagem no último ano do estudo, cerca de 15%, sendo a quase totalidade da matéria-prima (99%) oriunda de garrafas PET.
Apesar do avanço, a Textile Exchange alerta que em 2021 foram produzidas cerca de 3,4 milhões de toneladas a mais de fibras de origem fóssil (virgem) em relação ao ano anterior.
“Para limitar o aquecimento global a 1,5° Celsius, é necessária uma redução absoluta das emissões de GEE (gás de efeito estufa) em 45% até 2030, em comparação com a linha de base de 2019”, aponta o estudo.
Por aqui, a ABIT tem uma agenda de sensibilização das empresas com relação à sustentabilidade, inclusive no uso de matérias-primas.
“Este é um dos temas prioritários da CEO Fashion Agenda, um dos instrumentos orientadores de nossa agenda. A demanda do mercado, em especial das grandes varejistas, por insumos mais sustentáveis tem sido crescente e são diversos os fatores que caracterizarão se um insumo é mais ou menos sustentável.”
Você trabalha na indústria têxtil? Conte como as fibras sintéticas vêm sendo utilizadas na fabricação dos produtos.