“70% dos problemas da circularidade das embalagens seriam resolvidos na etapa de design”. A afirmação partiu de Lincoln Seragini em sua apresentação Visão da Think Plastic sobre Ecodesign – Roteiro para Criação de Produtos para Exportação, no terceiro dia da Plástico Brasil.
Com 57 anos de atuação neste mercado, Seragini é um ícone brasileiro do design de embalagens, membro da Academia Brasileira de Marketing e profissional prestigiado no Hall da Fama do Design.
Segundo ele, dois dos maiores desafios da economia brasileira são a exportação das marcas e a sustentabilidade.
No primeiro caso, o Instituto do Plástico e a Apex Brasil atuam por meio do projeto Think Plastic.
Já em relação à sustentabilidade, Seragini lembrou que não é possível viver sem as embalagens em geral, ao mesmo tempo que as feitas de plástico são as mais atacadas por serem mais visíveis. Por isso é a que essa indústria é a que mais investe em sustentabilidade.
Criação sustentável
Embora a questão da circularidade deva ser tratada de forma sistêmica, abrangendo toda a cadeia, Seragini reforçou que este esforço deve começar na concepção.
Na sua opinião, porém, os designers e engenheiros ainda não estão preparados para este desafio, que vai desde a escolha do material até a análise do ciclo de vida e o desmonte para facilitar a reciclagem.
“Não se trata de eliminar o plástico, pois isso seria impossível. E sim de usá-lo de maneira mais inteligente e responsável”, disse.
Em sua apresentação, o experiente profissional abordou aspectos como as fases do ecodesign na criação de produtos, o ecodesign para exportação, tendências e importância da embalagem como “embaixadora” das marcas, ilustrando o conteúdo com dezenas de exemplos de projetos desenvolvidos por ele ao longo de décadas para grandes marcas.
Ele falou também da diferença entre ecodesign e design sustentável, muitas vezes tratados como sinônimos.
“O ecodesign é focado no produto, no objeto, e nos seus impactos ambientais. Já design sustentável tem um sentido mais amplo e considera aspectos ambientais, sociais e econômicos.”
Ele concluiu dizendo que mudou seu objetivo de vida. Quando jovem, esse objetivo era “embalar o mundo”; hoje, é “desembalar”.
“Eu mantenho a opinião de que a embalagem é uma necessidade da vida, mas com a crescente preocupação com o meio ambiente, devemos pensar em formas de minimizar seu impacto ambiental, e isso passa obrigatoriamente pelo design”, concluiu.