Reduzir custo e aumentar margem são duas metas que a indústria está constantemente tentando atingir. Uma alternativa muitas vezes subestimada para alcançar esses resultados é migrar para o Mercado Livre de Energia.
O que é o Mercado Livre de Energia?
Diferente do mercado regulado, no qual as empresas compram energia diretamente das distribuidoras a preços determinados por tarifas públicas, o Mercado Livre permite que os consumidores escolham de quem comprar, negociando condições mais vantajosas, como preço, período de contrato e fontes de geração. Essa liberdade possibilita ganhos na gestão de custos e na previsibilidade financeira.
“Empresas que optam pelo Mercado Livre podem reduzir suas contas de energia em até 40%, dependendo da localização e do tipo de contrato firmado”, explicou Maury Garrett, gerente de Comercialização de Energia da ENGIE Brasil Energia durante um talkshow sobre o assunto na Plástico Brasil 2025.
Adesão ao Mercado Livre
Bernardo Sicsú, vice-presidente de Estratégia e Comunicação da ABRACEEL (Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia), destacou no mesmo painel que a adesão ao Mercado Livre de Energia tem crescido significativamente entre setores intensivos em consumo de eletricidade.
“O segmento de químicos e plásticos é um dos grandes exemplos. Nos últimos 12 meses, tivemos um crescimento de 66% no mercado livre e, no neste setor, o aumento foi de 44% no número de consumidores”, afirmou.
Flexibilidade e previsibilidade no consumo
Outro ponto abordado foi a flexibilidade na negociação. Diferente do mercado regulado, onde as empresas estão sujeitas a reajustes tarifários anuais e bandeiras tarifárias, o Mercado Livre permite contratos personalizados, com preços fixos ou indexados, oferecendo previsibilidade a longo prazo.
Silla Motta, CEO da Donna Lamparina e embaixadora do CanalEnergia, ressaltou que muitas empresas desconhecem essa possibilidade.
“Nosso papel é desmistificar essa transição. Empresas de todos os tamanhos podem se beneficiar, mas é necessário planejamento para entender o melhor momento de migração”, afirmou.
Como migrar para o Mercado Livre de Energia?
A migração para o Mercado Livre de Energia requer um processo estruturado, que envolve análise do consumo energético da empresa, escolha de um fornecedor e negociação de contrato.
Durante a palestra, os especialistas destacaram algumas etapas fundamentais:
- Análise do perfil de consumo – A empresa deve avaliar seu histórico de consumo para entender a viabilidade da migração e o potencial de economia. Para se qualificar, é necessário que tenha um consumo mensal de energia superior a R$ 8 mil e opere em alta tensão.
- Escolha de um fornecedor – No Mercado Livre, a empresa pode negociar diretamente com geradores e comercializadores de energia, buscando as melhores condições.
- Fechamento do contrato – Após definir o fornecedor, é necessário formalizar um contrato que estabeleça preço, prazo e condições de fornecimento.
- Carta denúncia – A empresa deve formalizar sua intenção de migração por meio da chamada “carta denúncia”, um documento enviado à distribuidora de energia atual informando sua saída do mercado cativo. Esse processo deve ser realizado com antecedência mínima de seis meses.
- Adequação técnica e regulatória – Algumas adaptações podem ser necessárias para atender às exigências do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
- Gestão do fornecimento – Após a migração, a empresa precisa monitorar o consumo e avaliar continuamente oportunidades de renegociação ou otimização.
Sustentabilidade e fontes renováveis
Um dos grandes atrativos do Mercado Livre de Energia é a possibilidade de optar por fontes renováveis, como solar e eólica. “A sustentabilidade está se tornando um diferencial competitivo. Empresas que migram para energia limpa conseguem não só economizar, mas também fortalecer sua imagem junto aos consumidores”, destacou Garrett.
Ele citou o exemplo de uma fabricante de embalagens plásticas que trocou sua matriz energética para fontes renováveis e reduziu sua pegada de carbono em 25%, sem comprometer sua competitividade.
Quais são os desafios?
Apesar dos benefícios, a adesão ao Mercado Livre de Energia ainda enfrenta diversos desafios. Atualmente, apenas consumidores de alta tensão podem migrar para o mercado livre. No entanto, há projetos regulatórios em discussão para ampliar esse acesso a pequenas e médias indústrias.
“Queremos que essa liberdade esteja disponível para consumidores de baixa tensão, tornando o setor mais democrático e eficiente”, pontuou Sicsú.
A previsão é que nos próximos anos a abertura do mercado se intensifique, oferecendo mais oportunidades para a indústria plástica reduzir custos, aumentar sua eficiência e adotar soluções sustentáveis, consolidando-se em um ambiente de negócios cada vez mais competitivo.
Aproveite e leia mais sobre como o Mercado Livre de Energia apoia as indústrias.