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O papel das mulheres na sucessão das empresas

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Tema foi debatido no evento Mulheres que Transformam, promovido pela Revista Plástico Sul em outubro

Pelo segundo ano consecutivo, a Revista Plástico Sul realizou o evento “Mulheres que Transformam” que, nesta edição, no dia 3 de outubro, ganhou o subtítulo que deu a tônica dos debates: “a liderança feminina na indústria e sua importância na economia circular e ESG”.

O objetivo do encontro, segundo a organização, é conectar mulheres, compartilhar suas experiências, discutir desafios, oportunidades e caminhos da jornada feminina no mundo corporativo – em especial em ambientes predominantemente masculinos, como a indústria do plástico.

Sucessão dentro da indústria

Inserido no aspecto Governança da sigla ESG, a sucessão nas empresas foi o tema do quinto painel do encontro: “De Geração em Geração: Planejamento Sucessório em Empresas da cadeia produtiva”.

Participaram Simone Baguinski, empresária e proprietária do escritório Simone Baguinski Advocacia, e Mariana Stangherlin, diretora Administrativa e de Marketing da empresa AND Equipamentos para Gastronomia. A mediação foi de Márcia Meneghel, sócia da Trughel e diretora do SIMPLÁS.

Márcia abriu a roda de conversa avaliando que, na comparação com 25 anos atrás, quando criou a empresa de peças injetadas de plástico junto com o marido, hoje é possível dizer que a presença de mulheres no mercado, em especial em cargos de gestão, avançou significativamente.

Eu diria que estamos na metade do caminho que se almeja”, ponderou. Como exemplo, ela citou o próprio SIMPLÁS, que viu crescer o número de empresas associadas geridas por mulheres e que, na atual gestão, conta com três delas na diretoria.

“É importante que eventos como este sejam acompanhados também por homens, para que eles vejam o quanto nós, mulheres, nos qualificamos para ocupar espaços iguais.

Processo matriarcal

Simone compartilhou sua trajetória profissional e ressaltou que foi a segunda mulher a ocupar um cargo de gerência na empresa em que trabalhava, a Taurus, fabricante de armas. Foi justamente na gravidez do seu segundo filho que ela decidiu sair do emprego para empreender e fundar seu escritório de advocacia.

Com 23 anos de experiência em processos sucessórios, a advogada observou que a sucessão é matriarcal. “Quem primeiro se preocupa com o assunto é a mulher. Hoje nós vemos que a gestão centralizadora está mudando e absorvendo o olhar feminino, num contexto de ‘mãos dadas’”.

Ela advertiu que sucessão requer planejamento, pois envolve diversos aspectos legais e tributários. Portanto, quanto mais cedo, melhor. “Herdeiro não é profissão. Exige preparação para levar o legado de forma assertiva e próspera”.

A realidade, porém, tem sido outra. Citando um estudo do IBGE, Simone disse que apenas 5% das empresas sobrevivem à terceira geração. Alertou também que a chamada “Síndrome do Rei”, que ocorre quando o sucessor deseja ocupar a cadeira da presidência sem o devido preparo, pode desmantelar todo o negócio.

Daí a importância de a família praticar uma escuta ativa para saber se os herdeiros desejam de fato levarem adiante o legado como gestores.

Segunda geração

Mariana Stangherlin é o que se pode chamar de segunda geração, muito embora tenha participado da criação da empresa por seus pais desde os primeiros momentos, quando ela e a irmã gêmea tinham apenas 14 anos de idade.

Quando o pai fez o “convite” para que fossem trabalhar com ele, as irmãs abandonaram o antigo sonho de se tornarem modelos e trocaram a vocação para cursar Moda e Estilo por faculdade de Administração e Gestão de Empresas.

“A AND nasceu pequena, éramos nós e três ou quatro colaboradores. Fizemos de tudo, estruturamos todos os departamentos. Foi um período de muito trabalho”, relembrou.

Para Mariana, o crescimento da empresa coincidiu com seu desenvolvimento pessoal, o que a levou a voltar às origens e iniciar os estudos em Moda. “O resultado é que resgatei meu DNA criativo e ajudei a dar uma cara mais feminina para a empresa, que culminou no reposicionamento da marca a partir de 2010”.

Em relação à sucessão, ela mantém a preocupação de levar a empresa para além da família. “Eu olho para a frente e tento entender quem ou qual perfil estará à frente das decisões daqui a 5 ou 10 anos”.

Sucessão sob demanda

Nas considerações finais, Simone Baguinski reforçou que o processo sucessório é feito sob demanda, ou seja, é específico para cada empreendimento e depende de diferentes fatores, como porte, perfil e necessidades de crescimento, entre outros.

Por isso que cada situação exige ferramentas e estratégias diferentes. “Sucessão é alfaiataria, não receita de bolo. Cada negócio tem seu tempo certo para tratar do assunto, mas a pergunta que todos devem se fazer é: na falta do fundador, o que vai acontecer?”.

Mariana completou: “Mulheres lideram com sensibilidade e força, e as pessoas notam isso. Cada vez mais, nós, mulheres, temos que liderar com esperança, e não com medo”.

O evento "Mulheres que Transformam: a liderança feminina na indústria e sua importância na economia circular e ESG" é uma realização da Revista Plástico Sul e contou com apoio especial de ABIPLAST, ABIEF, SIMPLÁS E SINPLAST-RS.

A íntegra do evento pode ser assistida no canal Plástico Sul TV do YouTube.

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