A distribuição desempenha um papel essencial na cadeia de valor do plástico. Ao consolidar a ponte entre os fabricantes e usuários, o segmento assegura, entre outras coisas, logística (armazenamento, transporte), variedade e continuidade do abastecimento.

Entidade que reúne as maiores empresas distribuidoras de resinas plásticas, plásticos de engenharia, filmes biorientados, masterbaches e compostos, a Associação Brasileira dos Distribuidores de Resinas Plásticas e Afins (Adirplast) constata que o setor vem passando por transformações relevantes nos últimos anos.

“Estamos observando uma intensificação da concorrência com resinas importadas, especialmente devido às flutuações cambiais que tornam alguns produtos mais competitivos no mercado local”, aponta Laercio Gonçalves, presidente da Adirplast e CEO do Grupo activas.

“Isso tem levado ao aumento de players no mercado e algumas empresas a buscarem compras mais fracionadas e a optar por fornecedores que ofereçam maior flexibilidade e segurança no abastecimento”.

Mudanças no mercado e na indústria de plásticos

Segundo o dirigente, entre os fatores que reforçam essas transformações estão:

  • Tendência crescente por soluções customizadas e sustentáveis, o que tem pressionado os distribuidores a inovarem e diversificarem suas ofertas para se manterem competitivos;
  • Influência das dinâmicas globais no mercado local, especialmente com a volatilidade das cadeias de suprimento internacionais e as políticas de incentivo à produção nacional; e
  • Crescente incerteza econômica e variações nos preços das resinas, que leva muitos clientes a optar por compras menores para reduzir estoques e minimizar riscos financeiros.

“Essas mudanças refletem um mercado cada vez mais dinâmico e desafiador, exigindo que todos os atores do setor se adaptem às novas realidades e busquem inovações para manter sua relevância e competitividade”, aponta.

Outro fenômeno que vem contribuindo para o atual cenário é o aumento de traders e de revendas, que, segundo Gonçalves, se beneficiam de um excedente de resinas e de benefícios fiscais.

O fato de o mercado estar “andando de lado”, com crescimento ao redor de 1% a 2%, comprova o cenário é desafiador.

A Adirplast, inclusive, contratou uma empresa para mapear as entradas de material importado e número de revendas operando para ter uma visão mais precisa do quadro. No momento, os dados estão sendo trabalhados, mas a associação já observa a grande concorrência desses novos players no mercado.

Inovação em resinas

Aumentar a competitividade da distribuição de resinas plásticas passa por vários caminhos, principalmente o investimento em inovação, automação e eficiência operacional.

“Vale também incentivar a produção nacional, pois as empresas brasileiras enfrentam desafios competitivos significativos em relação a outros países, como a China, devido ao elevado custo Brasil, que inclui uma carga tributária complexa e elevada, além de altos custos logísticos e burocráticos”, completa Gonçalves.

O presidente da Adirplast defende que o governo crie políticas de incentivo à produção local, uma vez que a falta de políticas industriais consistentes dificulta a competitividade em relação a países onde há apoio estatal em várias etapas da cadeia produtiva – caso da China, por exemplo.

“No Brasil, a ausência desse suporte desestimula a indústria nacional, principalmente com relação a mão-de-obra”.

Segundo ele, formar parcerias estratégicas com outras empresas do setor, tanto na inovação quanto na distribuição, implementar políticas de comércio exterior mais equilibradas e rever a carga tributária do setor industrial contribuiriam substancialmente para melhorar a posição competitiva das empresas brasileiras no mercado global.

Gonçalves ainda acrescenta outros desafios que os distribuidores de resinas plásticas vêm enfrentando, como a volatilidade dos preços das matérias-primas e a instabilidade econômica global. O volume de importados, destaca, atualmente está 50% maior do que no ano anterior.

Sustentabilidade

“A sustentabilidade, sem dúvida, faz parte desses desafios”, diz. Gonçalves relata que há uma pressão crescente por parte de clientes e reguladores para que as empresas adotem práticas mais sustentáveis em toda a cadeia de valor, desde a produção até a distribuição de plásticos.

“Isso inclui a reciclagem, o uso de materiais biodegradáveis e a redução da pegada de carbono. Empresas que estão preparadas e investindo em sustentabilidade, seguramente estão com vantagens competitivas”.

Neste sentido, ele reforça a importância do associativismo e o suporte da Adirplast aos associados na promoção do networking, acesso a informações estratégicas e educação continuada.

A associação atua na também na representação institucional, dialogando com órgãos reguladores e defendendo políticas que favoreçam o setor.

“Além disso, oferece apoio na adoção de práticas sustentáveis, por meio de parcerias e projetos que incentivam a inovação e a eficiência operacional, ajudando as empresas a se adaptarem às novas demandas do mercado”.

Segundo a entidade, as empresas associadas atendem cerca de 8.000 transformadores de plástico de um total de cerca de 11.000 empresas no país.

Transformador, você notou um aumento do número de fornecedores de resinas? Com têm sido suas compras?