Lei Federal de 2010 apresenta a Política Nacional dos Resíduos Sólidos e, conforme define o Ministério do Meio Ambiente, “institui responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos: dos fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos na Logística Reversa dos resíduos e embalagens”. A partir disso, pode-se considerar a abertura de um canal de oportunidades para a indústria da reciclagem do plástico.
Especialistas consideram que é um avanço exigir que todos elos dessa cadeia coloquem a mão na massa, por meio do acordo setorial de embalagens de 2015, e que esse processo deve levar a ampliação dos postos de coleta e do investimento no processo de separação, com evolução tecnológica nas cooperativas. Acompanhe a visão de dois conhecedores do assunto.
Miguel Bahiense, presidente da Plastivida
“Queremos mostrar que essa relação tem que ser duradoura até o descarte.“ Para Bahiense, o objetivo da logística reversa é promover a reciclagem e lembra que a lei quer exterminar os lixões no Brasil. Para isso, é fundamental que todos os elos estejam envolvidos e que o cidadão saiba a destinação adequada daquele produto, para fazer a separação. E o ciclo continua, com o poder público responsável por disponibilizar e destinar esse material as cooperativas.
Na trajetória brasileira, a reciclagem existe, sim, e é rentável. “Precisamos compreender que existe uma indústria rentável, mas informal. Então, as empresas precisam estar mais estruturadas, mais completas do ponto de vista da formalidade.” Esse deveria ser nosso objetivo prioritário, afirma. Em um cenário mais favorável, o mercado vai se desenvolver da melhor forma possível, inclusive para grandes empresas que desejarem investir em negócios recicladores.
Sobretudo, Bahiense considera que esse “é um problema ligado à educação ambiental, da população, do poder público e das indústrias”. Além disso, “a grande benfeitoria no ciclo de reciclagem nasce na coleta”, ou seja, a qualidade da coleta, nas casas, nas cooperativas, envolvendo prefeituras, centros de triagem e centros de reciclagem.
Vitório Donato, pesquisador do Instituto SENAI de Inovação em Logística e autor do livro Logística Verde – uma abordagem socioambiental
“Se o empresário e o consumidor tratarem os resíduos como resíduo e não como lixo, estamos dando início a um processo de reciclagem rentável”, defende. Mas quais são os desafios então? “Um dos maiores problemas da reciclagem na atualidade é a descontaminação do material a ser reciclado, desde que no início do processo ele foi tratado como lixo, pois o processo de limpeza chega a ter o custo igual ou maior que a matéria-prima virgem e, dessa forma, inviabiliza qualquer processo de aproveitamento dos resíduos.”
Para qualquer tipo de indústria geradora de resíduos há questões em comum a serem solucionadas. “A logística reversa de produtos destinados a reciclagem é uma atividade correlacionada com o resultado econômico do processo de reciclagem. Se esse resultado for negativo, devido ao alto custo de descontaminação, a logística reversa fica inviável”, alerta.