O Parque de Ideias, principal palco de conhecimento da Plástico Brasil, abrigou na manhã desta quarta-feira (26) uma palestra altamente técnica relacionando a influência das propriedades de diferentes polímeros nas etapas de injeção.

O conteúdo foi apresentado por Ricardo Cuzziol, técnico em plásticos pelo SENAI Mario Amato, engenheiro Químico pela E. E. Mauá e Mestre em Engenharia Química com ênfase em Ciência e Tecnologia de Polímeros pela FEQ/Unicamp. Seu canal de conteúdo sobre plásticos no YouTube está há nove anos no ar.

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Composições diferentes na injeção plástica

Para colocar a audiência no mesmo patamar de informação, Cuzziol começou apresentando as duas principais famílias de polímeros: os amorfos (transparentes, mais rígidos e com menor resistência química e térmica) e os semicristalinos (opacos, com propriedades mecânicas mais equilibradas e maior resistência química, térmica e a impacto). 

Em seguida, explicou como a composição de cada um (os amorfos têm as moléculas mais dispersas, enquanto nos semicristalinos ela é mais padronizada) impacta o processo de transformação por injeção

As duas famílias ainda podem ser divididas em três categorias: “Na base, temos os commodities, de uso mais geral e mais acessíveis. Em seguida, vêm os plásticos de engenharia, com propriedades mais elevadas, custo um pouco maior e aplicações mais técnicas. Por fim, no topo da pirâmide estão os polímeros especiais, desenvolvidos para solucionar problemas únicos e específicos”, classificou. 

Cuzziol relacionou as diferentes etapas da injeção com os fenômenos físicos a que são submetidos os polímeros. São eles: 

  • Fusão: passagem do estado sólido para fluido; 
  • Fluxo: quando o polímero em estado líquido é injetado no molde; 
  • Conformação: o plástico fluido replica os detalhes da cavidade do molde; 
  • Resfriamento: momento que o polímero retorna ao estado sólido e torna a conformação permanente; e 
  • Ejeção: o polímero é retirado do molde como produto acabado.

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Impactos no processo 

A diferença de composição molecular dos polímeros influi diretamente nessas etapas. Por exemplo, durante a fusão, os amorfos aceitam uma temperatura mais flexível para fazer a transição do estado sólido para o fluido, com uma janela de tempo maior. 

Já os semicristalinos passam um intervalo mais longo na fase maleável (entre o sólido e o fluido), mas entram na temperatura de fusão de forma abrupta, deixando a janela do processo mais estreita.  

“Eu costumo dizer que a fusão é um dos fenômenos mais importantes da injeção”, disse Cuzziol. “Boa parte da qualidade da peça vem da qualidade do material fundido”

Segundo o especialista, as propriedades dos polímeros afetam todas as etapas da injeção e demandam atenção por parte dos operadores em funções como temperatura, velocidade e pressão. 

“O comportamento dos materiais influencia todo o processo e até os equipamentos de injeção”, reforçou Cuzziol.