A Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII) é um dos principais agentes de fomento à inovação na indústria nacional. Durante a Plástico Brasil 2025, Cláudio Schefer, Analista de Novos Negócios e Relações Institucionais da EMBRAPII e Gustavo Spina, Coordenador de Tecnologia da Unidade EMBRAPII ISI Materiais Avançados do SENAI-SP compartilharam com o público qual o papel dessa organização na aceleração de inovações tecnológicas no setor industrial.
Você conhece a EMBRAPII? A Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial é uma organização que financia e apoia projetos de inovação tecnológica em parceria com empresas e centros de pesquisa no Brasil.
A seguir, veja um resumo de três apresentações sobre projetos EMBRAPII realizados durante a Plástico Brasil.
Modelo de coinvestimento impulsiona a inovação na indústria
Diferente de um modelo tradicional de sociedade, a EMBRAPII oferece recursos não reembolsáveis para viabilizar projetos de inovação, estabelecendo parcerias com empresas e centros de pesquisa. “Não estamos falando em nos tornar sócios, e sim em coinvestir para que a indústria possa inovar de forma ágil e eficaz”, afirmou Cláudio Schefer.
Com 11 anos de operação, a EMBRAPII já financiou mais de 3.100 projetos industriais, movimentando R$ 5,8 bilhões em pesquisa e desenvolvimento. “Nosso papel é resolver os desafios da indústria. A empresa chega com um problema, e a unidade EMBRAPII desenvolve a solução”, explicou Cláudio.
Parcerias estratégicas e apoio a empresas de todos os portes
O modelo de coinvestimento da EMBRAPII se adapta ao porte da empresa, com grandes companhias podendo receber até 1/3 do investimento, enquanto pequenas e médias empresas, com faturamento de até R$ 90 milhões, podem obter até 50% dos custos cobertos. Uma parte menor do investimento é subsidiada pela unidade EMBRAPII, dependendo da negociação feita ao fechar o projeto.
A EMBRAPII mantém parcerias com o BNDES e o Sebrae, ampliando ainda mais o apoio às startups e pequenas empresas. “O Sebrae coinveste 70% do que não for coberto pela EMBRAPII, permitindo que startups e pequenas empresas paguem apenas 13,5% do valor total do projeto”, detalhou Cláudio.
Gustavo Spina também ressaltou que, no caso do SENAI-SP, a unidade EMBRAPII tem se tornado um importante agente de inovação, com uma infraestrutura robusta voltada para materiais avançados.
“O SENAI-SP está desenvolvendo um distrito tecnológico, que contará com 115 milhões de reais para obras e mais de 130 mestres e doutores, todos trabalhando juntos para fomentar a inovação em materiais como nanomateriais e compósitos sustentáveis”, afirmou.
Exemplos de inovação aplicada
Durante seu painel no Parque de Ideias, Cláudio apresentou diversos casos de sucesso, incluindo o desenvolvimento de um sistema de inspeção visual utilizando Inteligência Artificial e Internet das Coisas para a Guararapes Confecções S/A, e uma parceria com a General Motors para soluções robóticas na indústria automotiva.
Gustavo Spina, por sua vez, destacou em sua fala um dos cases mais relevantes de inovação aplicada pela sua unidade EMBRAPII, que envolveu o processamento de nanomateriais em matriz polimérica para desenvolver uma embalagem em parceria com a Gerdau.
O projeto, premiado seis vezes, resultou em uma série de benefícios, incluindo a redução de 25% na espessura do material, 33% de aumento na produção em massa, e uma diminuição de 72 toneladas de plástico por ano.
“Esse projeto não só representa inovação mundial, mas também benefícios concretos para a indústria, como redução de custos e aumento da eficiência”, afirmou Gustavo.
O impacto do modelo EMBRAPII
A metodologia da EMBRAPII traz benefícios diretos para a indústria, acelerando o desenvolvimento de tecnologias e fortalecendo o ecossistema de inovação. “Quando um doutor atua na unidade EMBRAPII, ele está constantemente envolvido em projetos inovadores. No décimo projeto que ele participa, o avanço tecnológico é muito mais acelerado”, explicou Cláudio.
Além disso, a organização também contribui para a retenção de talentos e para a competitividade da indústria brasileira. “As unidades ganham visibilidade e se tornam referência, atraindo novas demandas e contribuindo para o desenvolvimento do setor”, concluiu Cláudio.
Projetos de pesquisa na unidade EMBRAPII UFABC
Os polímeros são o foco da pesquisa na Universidade Federal do ABC (SP). Também no Parque de Ideias, Demétrio Jackson do Santos, Professor e Doutor na Universidade Federal do ABC, apresentou a unidade EMBRAPII do campus focada em materiais avançados.
Ela se divide em dois grupos: polímeros funcionais e interfaces e superfícies funcionais. O desenvolvimento de todo trabalho é feito pelo Grupo de Ciência, Tecnologia e Inovação em Materiais na UFABC (CTIM).
“Por lá, desenvolvemos materiais poliméricos funcionais avançados por meio de algumas abordagens. Entre elas, a síntese ou a funcionalização de macromeléculas e a otimização de propriedades por obtenção de blendas e nanocompósitos”. O professor acrescentou que novas técnicas de processamento, como impressão 3D, também dão palco para os respectivos trabalhos.
Polímeros funcionais: áreas de atuação
Para esclarecer ainda mais o trabalho desenvolvido pelo CTIM UFABC com o respaldo da EMPRAPII, Demétrio esclareceu ao público as áreas de atuação dos polímeros funcionais. São elas: resinas termoplásticas e termofixas, polímeros de origem natural e de fontes renováveis, reciclagem de polímeros, elastômeros, látex e hidrogéis. Também, em tintas e revestimentos, adesivos e selantes, membranas poliméricas, sensores e adesivos.
De acordo com o palestrante, as propriedades funcionais e estruturais dos polímeros compreendem adesão, otimização mecânica, fluência e relaxação, proteção anticorrosão, condutividade elétrica, etc. “No CTIM fazemos o desenvolvimento e o aprimoramento de superfícies funcionalizadas”, explicou.
O professor ressaltou que o grafeno é a principal linha de atuação da unidade de pesquisa em questão – cerca de 50%. “É fundamental termos pesquisas aplicadas nas universidades. É exatamente isso que estamos fazendo”.
Projetos
Entre os projetos desenvolvidos pela unidade, Demétrio enfatizou o desenvolvimento de concentrados (masterbatches) de grafeno para a produção de protótipos de moldados termoplásticos. “Há uma produção de concentrados de poliolefinas com grafeno para aplicações variadas como embalagens, filmes, extrudados, peças injetadas e sopradas”, completou.
Esse mesmo projeto visa alcançar melhores propriedades mecânicas, redução de espessura e peso, condutividade térmica, barreira contra gases e umidade, melhor processabilidade e maior estabilidade térmica.
Outro trabalho que merece destaque é o de desvulcanização de compostos de borracha assistida por CO2 super cítrico para reuso de pneus. Neste caso, o objetivo maior está na reciclagem da borracha por método verde.
“Queremos desenvolver projetos para oferecer soluções às empresas. Este é o maior objetivo do CTIM”, finaliza o professor da UFABC.