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Seminário Competitividade 2023 discutiu desafios e oportunidades do plástico

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O impacto da sustentabilidade, macroeconomia e geopolítica sobre o mercado pautou painéis e debates

Realizada no dia 19 de setembro, em São Paulo, a 13ª edição do Seminário Competitividade jogou luz sobre temas atuais e relevantes relacionados à indústria do plástico.

Promovido pela Abiplast, Sindiplast e Plásticos em Revista, o encontro contou com cinco apresentações seguidas de debate sobre as novas oportunidades e desafios colocados para o setor frente às questões da sustentabilidade, macroeconomia e geopolítica.

O Mundo do Plástico acompanhou o seminário e traz alguns dos principais pontos levantados.

Reciclagem química

Após os agradecimentos iniciais de Beatriz Helmann, diretora da Plásticos em Revista, e de José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Abiplast e do Sindiplast, especialistas fizeram suas considerações sobre esta modalidade da reciclagem dos plásticos.

A primeira constatação diz respeito a uma aparente contradição. Enquanto o plástico tem sua importância reconhecida nas mais diversas aplicações dos mais diversos setores industriais, ao mesmo tempo sofre uma campanha de difamação constante. “E isso se dá muito em razão do descarte incorreto por parte dos consumidores”, apontou José Fernandes, presidente da Honeywell.

Para se ter uma ideia, a previsão é que a produção global acumulada de plásticos desde 1950 salte de 9,2 bilhões de toneladas em 2017 para 34 bilhões em 2050.

E embora o índice de reciclagem de plástico pós-consumo (PCR) no Brasil tenha subido de 24% para 25,6% nos últimos três anos, o volume ainda é considerado insuficiente para enfrentar os desafios ambientais.

Empresas como a Honeywell e outras que participaram da apresentação – Braskem (representada pela diretora Fabiana Quiroga) e ExxonMobil (por Luis Oscar Passos de Barros) – vêm desenvolvendo soluções de reciclagem avançada para melhorar estes índices.

Em especial, a reciclagem química, que devolve os resíduos plásticos reciclados não ao transformador, e sim ao início da cadeia (petroquímicas e refinarias) na forma molecular.

Entre as vantagens desta tecnologia estão: aceitar a mistura de materiais diferentes difíceis de serem reciclados mecanicamente; manter o mesmo desempenho e qualidade do polímero virgem; aproveitar a infraestrutura já existente; e outras.

“A reciclagem química é um elo adicional na cadeia que não compete com a mecânica, e sim complementa”, reforçou Fernandes.

Como toda nova tecnologia, a reciclagem química encontra desafios.

“No Brasil, ainda há questionamentos sobre seu uso, uma vez que algumas questões regulatórias ainda precisam ser superadas”, constatou Fabiana Quiroga, diretora da Braskem.

O debate foi moderado por Anderson Maia, do SENAI.

Reciclagem mecânica

Bem desenvolvida no país, a reciclagem mecânica tem entre os atributos apontados por Irineu Bueno Barbosa Junior, diretor da Globalpet e da Abipet, o baixo custo de transformação, a confiabilidade e robustez dos processos e a comprovada segurança para contaminações voláteis.

“Falta estabelecer uma demanda constante, hoje muito atrelada ao preço”, disse.

Esta demanda passa não só pelos brand owners (marcas), que cada vez mais buscam soluções sustentáveis para seus produtos, mas também pelo incentivo via legislação.

Paula Leardini, líder de reciclagem da ICIS, lembrou que a legislação sobre reciclagem tem se tornado um tema globalizado, com um país influenciando o outro. “Mas o Brasil ainda está um passo atrás”, reconhece.

Barbosa Junior apresentou um resumo deste tipo de legislação em diversos países, algumas delas bastante ambiciosas.

Por exemplo, na Colômbia, será obrigatório o uso de PET-PCR em 50% das garrafas de água até 2025 e 90% até 2030; no Chile, 15% de PCR até 2025 e 70% até 2060.

“Enquanto houver demanda, a capacidade instalada vai reagir”, disse.

Participaram também o head de Operações da Actplus/Grupo Activas, Wagner Catrasta, e Bruno Igel, CEO da Wise Plásticos, como moderador.

PVC

Alexandre de Castro, diretor da Unipar e presidente do Instituto Brasileiro do PVC, abriu o painel dedicado ao policloreto de vinila (PVC) comemorando que a entidade passou a coletar dados e a oferecer um panorama completo deste mercado.

Em sua apresentação, demonstrou que o Brasil detém apenas 2% da capacidade produtiva global do polímero, e que hoje o setor volta sua atenção para três mercados:

  • China, em razão de sua alta capacidade produtiva, de 48%;
  • Estados Unidos, que embora não estejam entre os maiores produtores (15%), são um fornecedor competitivo; e
  • Índia, cujo crescimento econômico (7,8% do PIB no segundo trimestre de 2023) e necessidade de obras de infraestrutura faz dela um dos mercados consumidores mais atraentes.

O diretor da Braskem, Fábio Barbosa, demonstrou que a capacidade produtiva global duplicou nos últimos 20 anos, sendo que a China multiplicou por oito seus investimentos no mesmo período.

Destacou, ainda, que o mercado brasileiro de PVC, entre importação e produção, permanece estagnado há mais de uma década na casa de 1 milhão de toneladas/ano.

Segundo Adriano Andrade, diretor da Amanco Wavin, a oferta de PVC se dá em quatro pilares: predial, infraestrutura, irrigação e industrial. Frente a isso, é possível vislumbrar boas oportunidades para este mercado.

Como lembrou Castro, da Unipar, o “PVC é o plástico da construção civil, responsável por 50% da demanda”.

Assim, além de fatores macroeconômicos que devem incentivar os investimentos (como a queda da taxa Selic), outros oferecem grandes oportunidades – caso do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Minha Casa, Minha Vida, Marco do Saneamento e o crescente desempenho do agronegócio.

João Matulja, presidente do conselho da Abapla, conduziu o debate.

Descarbonização

“Ao endereçar a economia circular, estamos contribuindo para resolver parte do problema do aquecimento global”, declarou Daniela Stump, sócia da DC Associados.

Outra parte é a descarbonização da economia, ou seja, medidas para diminuir a emissão de carbono nos processos produtivos.

Segundo Daniela, a participação brasileira na oferta de créditos mundiais de carbono voluntário foi de 12% em 2021 (bem acima dos 3% de 2019). “O Brasil pode, sim, ser um grande celeiro de créditos de carbono. Esses 12% podem chegar a 40%”.

André Passos Cordeiro, presidente-executivo da Abiquim, apresentou não só a grandiosidade da indústria química brasileira, a sexta maior do mundo, como também os esforços da entidade e seus associados para contribuir com este cenário.

“A partir do ano 2000, entramos em um processo acelerado de redução de emissões de carbono.”

Conforme demonstrou, a emissão de GEE (gases de efeito estufa) da indústria química no Brasil caiu de 468,4 kgCO2eq naquele ano para 248,2 em 2016. O desafio, apontou, está na importação. “Praticamente todos os produtos químicos que importamos têm pegada maior. Estamos importando emissão de carbono”.

A estratégia da indústria brasileira para a economia em baixo carbono tem quatro vertentes, de acordo com Marcos Ferreira do Nascimento, economista da Abiplast/Sindiplast: transição energética, mercado de carbono, combate ao desmatamento ilegal e a economia circular.

Ele afirma que o “esverdeamento” das exportações mundiais de manufaturas são uma realidade e vem crescendo.

A indústria do plástico participa da economia de baixo carbono, por exemplo, com embalagens de frutas que, além garantir qualidade no transporte e armazenamento, deve integrar-se às soluções de logística reversa dos países-destino. “Existe a necessidade de ser sustentável para abrir mercados para as exportações”.

Moderador do debate, Paulo Laguardia, superintendente da Orizon, resumiu a questão: “Hoje a competitividade das empresas passa pela descarbonização”.

PP, PE e PS

O painel de encerramento do Seminário Competitividade colocou foco na conjuntura global e seu impacto em três polímeros, PP, PE e PS.

Diretor da Piramidal, Wilson Cataldi apontou para os riscos do excesso de oferta, tendo em vista a relevância da China, que passou de importador para exportador de resinas termoplásticas, e o impacto das novas tecnologias no aumento da capacidade de produção das novas petroquímicas.

“É difícil prever em quanto tempo a oferta vai modular com demanda. Neste momento, a situação é muito diferente que qualquer outra que já passamos.”

Fábio Santos, diretor da Braskem, acrescentou outras incertezas que influenciam neste cenário. Entre elas, a manutenção do conflito entre Ucrânia e Rússia, a tensão econômica entre Estados Unidos e China, a intenção do BRICS em “desdolarizar” as economias emergentes, a expectativa de crescimento moderado do PIB mundial e o aquecimento global.

Por fim, Luiz Claudio Raimundo, diretor da Vitopel, empresa especializada na produção de BOPP (polipropileno biorientado), mostrou que enquanto há um aumento significativo da capacidade produtiva de PP na Ásia e América do Norte, a Europa e América Latina não apresentam avanços significativos.

Isso pode ser comprovado, por exemplo, pela idade das plantas industriais: enquanto na Europa é superior a 25 anos, na China é menor que 10.

“O que a gente vê é muita disponibilidade de produtos no mundo todo e essa vai ser a tônica do nosso mercado nos próximos anos”, disse.

Roriz, da Abiplast/Sindiplast, conduziu o debate final, que passou pela necessidade de um ambiente econômico que incentive os investimentos, bem como uma política industrial clara que envolva governo e iniciativa privada.

No encerramento, ele adiantou que muitos dos temas discutidos no Seminário Competitividade serão levados para discussão dentro das entidades para o encaminhamento de propostas.

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